Prestes a comandar Rubro-Negro pela primeira vez, treinador lembra atuação contra o Bota em 1984 e explica estilo que prima pela paciência
Uma viagem no tempo. Quando pisar no Engenhão para comandar o Flamengo pela primeira vez neste sábado, diante do Boavista, Jorginho sentirá o mesmo frio na barriga de quase 19 anos atrás. Aposta para colocar a equipe nos rumos depois de duas derrotas consecutivas, ele não chega à Gávea apenas com a definição de treinador ao lado de seu nome. O “ex-jogador” acompanha cada citação. Por isso, a noite de 15 de julho de 1984 e a deste sábado se unem em uma sensação em comum: o frio na barriga de uma estreia.
Jorginho viu cair no colo, aos 19 anos, a oportunidade de fazer sua primeira aparição com a camisa do Flamengo. Justamente com a maior referência ali do lado, jogando de zagueiro. Justamente em um clássico. A vitória por 1 a 0 sobre o Botafogo marcou o início de uma trajetória que ainda contaria com o título do Brasileirão de 1987 e do Carioca de 1986. O ex-lateral e hoje treinador viaja em sua própria mente para recordar o passado.
- Foi muito legal. Eu não ia jogar. Cheguei para ser o lateral-esquerdo. Nada menos que o Leandro era o direito. Mas o Mozer foi brincar de futevôlei no ginásio e esticou muito a perna em uma jogada. Sentiu uma lesão e saiu. Foi quando o Leandro disse: “Eu jogo na zaga”. Foi o melhor que podia acontecer para mim. Meu sonho era atuar pelo lado direito, mas sabia que seria muito difícil. Acabei entrando. Bate o frio na barriga, é natural. Se for diferente, o cara pode parar. Meu último jogo também foi contra o Botafogo. O do empurrãozinho do Maurício (risos) - recorda Jorginho, citando a final do Carioca de 1989, vencida por 1 a 0 pelo rival.
O novo debute pelo Flamengo será novamente na linha lateral. Mas do lado de fora. Da área técnica, Jorginho comandará uma equipe que em uma semana ele tentou dar uma cara. Mudou o esquema, mudou nomes, mas, principalmente, mudou o conceito. A velocidade do 4-3-3 de Dorival dará lugar à paciência, e o próprio treinador justifica a opção.
- Não tem como ficar os 90 minutos na intensidade, que é a característica de alguns jogadores. O tempo inteiro indo dentro, ninguém consegue. É preciso ter a posse, cansar o adversário. Não quero de forma nenhuma comparação com o Barcelona, mas a posse de bola é fundamental, para, quando o adversário baixar a guarda, dar o tiro de misericórdia.
Com a camisa do Flamengo, Jorginho disputou 246 jogos e marcou oito gols entre 1984 e 89. Neste sábado, às 18h30m, começa outra história, que a princípio durará dois anos, tempo de seu contrato. A partida contra o Boavista vale pela segunda rodada da Taça Rio.
Informação do Portal Globo Esporte!